Até 20% dos paulistanos com falta de ereção usam estimulante, diz estudo

17/01/2013 13:41

 

Um levantamento feito entre 300 homens com problemas sexuais atendidos na cidade de São Paulo revela que 60 deles, ou 20% do total, já usaram pelo menos uma vez algum tipo de estimulante sem orientação médica.

Segundo o urologista Joaquim Claro, que coordena essa área no Centro de Referência em Saúde do Homem, ligado à Secretaria de Estado da Saúde e responsável pela pesquisa, o local atende muitas pessoas com baixo poder aquisitivo que acabam consumindo todo tipo de produto para melhorar o desempenho sexual.

"A maioria são homens novos, entre 20 e 35 anos, que tomam desde chás e plantas como ginseng e ginkgo biloba até remédios tradicionais, como Viagra e Cialis", enumera. Na opinião do médico, os pacientes jovens são mais "corajosos" e acreditam que, se os produtos não fizerem bem, também não devem fazer mal.

 

O problema, ressalta Claro, é que esses preparados naturais não têm comprovaçãocientífica e podem atrapalhar a saúde da pessoa se ela já tiver algum problema. No caso dos remédios, existem possíveis efeitos colaterais, como dor muscular e de cabeça, rubor facial, congestão nasal, diarreia, alergia e visão dupla. Em situações raras, pode haver cegueira.

"Como os medicamentos são vasodilatadores, relaxam o pênis e aumentam o calibre das artérias não só do membro masculino, mas de todo o corpo", diz.

Entre os fatores que levam um homem a recorrer a um estimulante, segundo Claro, estão a curiosidade, a vontade de apresentar uma melhor performance com a parceira ou o parceiro, a dificuldade de ter uma ereção espontânea e o medo de falhar durante o sexo.

"Indivíduos diabéticos, que sofreram traumas na região genital, usam hormônios como estrógeno e testosterona, antidepressivos, remédios para hipertensão ou problemas psiquiátricos e neurológicos graves podem ter disfunção erétil", explica o urologista.

Segundo Claro, o que ainda freia muitos homens na hora de usar estimulantes é o preço dos medicamentos, e não a falta de receita médica – já que, na prática, muitas farmácias vendem as drogas sem requisição.

Como os estimulantes agem
O urologista do Centro de Referência em Saúde do Homem destaca que nenhum estimulante contém uma fórmula mágica, que funciona instantaneamente ou sozinha, sem estímulos visuais, táteis e sonoros. Além disso, se o homem já for saudável, o pênis não vai ficar mais rígido que o normal após a ingestão do remédio.

"O Viagra leva de 1h a 1h30 para fazer efeito, e dura até 5h. Já o Cialis pode demorar de 3h a 4h, e se mantém entre 24h e 36h, só que não direto – o homem perde a ereção após o orgasmo e terá outra desde que haja estímulo. Se o paciente for trabalhar, por exemplo, nada vai acontecer", diz o médico.

Quem pode tomar
Claro afirma que homens com idade mínima de 16 anos já podem usar estimulantes sexuais antes da relação, desde que um urologista avalie o paciente e recomende o produto. Muitas vezes, segundo o especialista, a impotência tem um fundo emocional, decorrente de insegurança ou problemas psicológicos.

Não há idade máxima para tomar esses medicamentos, mas é preciso saber quais remédios o homem já usa e se ele tem boa condição pulmonar e cardiovascular. Do contrário, pode até morrer durante o sexo, pois se trata de uma atividade física intensa.

"Manter hábitos saudáveis e praticar exercícios físicos são formas de melhorar o condicionamento, a resistência, a circulação, o sexo e a autoestima", enumera Claro. Segundo ele, às vezes pacientes diabéticos "descompensados" só precisam se regrar para ter uma vida sexual mais ativa e eficiente.